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Escrever e escrever, pensar, refletir... afinal não é para isso que existem os blogs? Por aqui vão passar ideias, palavras, pensamentos... tudo o que nos der na real gana... ou não seremos "Levada da Breca".
Não, ainda não percebi!... se esses teus olhos, que se destacaram desse rosto pacifico, apesar de sorumbático, me cativaram logo, ainda não percebi, dizia, se são verdes, azuis ou cinzentos. Esse foi o teu primeiro fascínio: um olhar enigmático, doce e intenso, se é possível juntar estes dois adjetivos para caraterizar um olhar… o teu olhar!
Foste tu que vieste ter comigo e me pediste se podias sentar-te naquela mesa, na esplanada. Acedi, sem te dar muita importância e voltei ao livro que estava a ler! Não gostava muito deste tipo de abordagem, mas desvalorizei, porque foste educado. E ali ficámos. Veio o empregado e eu pedi um sumo de laranja e um croissant com fiambre. Pediste o mesmo! “Igual”, disseste.
Foi o arranque da conversa.
- Não estou mesmo a incomodar? – perguntaste.
-Não acho muito normal, com tantas mesas disponíveis, vir sentar-se precisamente na minha.
- Então porque permitiu? – continuou.
Já não estava a gostar muito daquela conversa sem nexo.
Aproveitei bebi um gole para ganhar tempo e relaxar, procurando não ser brusca.
- Olhe, nem sei. E foi aí que reparei bem no teu rosto, nos teus olhos… em ti como um todo!
Depois veio o resto… a tua conversa, boa conversa, séria quando tinha que o ser, ponderada, quando necessário e alegre quando o rosto se te iluminava, como se acabasses de ter uma ideia fantástica, só faltando a lâmpada acesa por cima da tua cabeça, como acontece nos desenhos animados. Mas tu eras bem real, ali ao pé de mim, sentado num banco daquela praça sem trânsito, calma e cheia de luz. Tivemos boas e grandes conversas, sobre tudo e sobre nada e diariamente ali estávamos. Nunca combinámos nada, mas sempre nos encontrámos ali, sem horas, sem motivo. A conversa fluía tão facilmente que nem dávamos pelas horas a passar. Ambos levávamos um livro e algumas vezes um jornal. Quase sempre ficavam por ler. Era apenas um motivo… para nos encontrarmos ali naquela mesa da esplanada no meio do parque. Sem combinarmos, sem marcarmos hora.
Foram longas conversas, diariamente… e a seguir o silêncio. Não respondeste às mensagens, não disseste mais nada… foste, simplesmente, ainda mais rápido do que chegaste. Tiveste medo, acredito. Como diria o outro era muita areia para a tua camioneta. E pronto ficam as recordações das conversas, dos olhares. Nada mais, mas ainda assim, tudo!
Tudo porque te deste e eu me dei, em simples conversas e muitos olhares, nem um toque. E ficou tudo dito! Não! Faltou uma coisa… a despedida, a explicação! Ainda hoje não sei porque deixaste de aparecer, como nunca soube porque apareceste. Quem sabe um dia… nos encontremos por aí…