Levada da Breca

Sem querer o teu olhar esbarra no meu. Fujo mas não disfarço a vontade de te sorrir.

Nesse instante o meu coração perde-se em sonhos! Nesse instante nada mais importa só o cruzar dos nossos olhares! O teu olhar no meu olhar!

Recordo outros tempos em que te olhava e os nossos olhares não se cruzavam.

A admiração existia!... mas nada mais podia ser!

Um fosso enorme separava-nos! Primeiro porque ambos éramos casados! Depois, porque… sei lá, porquê! Não podia ser e ponto! Era o que eu pensava. E  tu? Tu… nem pensavas! Estavas longe, eras distante, mas perto e atencioso! Mas… não podia ser! Não seria! Não foi!

Mas, agora pode!... não sei se será, mas pode!!! E a vontade de cruzar o teu olhar com o meu cresce!

As vidas estão libertas, mas a tua é mais complicada que a minha. Tens outros compromissos, ou não tens e obrigas-te a ter.

Eu não tenho nada! Nada que impeça que o cruzamento dos olhares possa seguir para outros cruzamentos… e na mesma direção, claro!

Mas a tua vida tem outras vidas! E vidas tão pequenas às quais não queres adicionar outras vidas, digo eu!!!  E por isso mesmo, os olhares vão continuar a cruzar-se, provavelmente até mais vezes!... mas ficaremos apenas por essa troca de olhares!... nesses novos cruzamentos!

Dá-me um sinal e prossigamos na mesma direção!

Cá estarei para te acompanhar  e para me cruzar com os teus cruzamentos! Sim, estou disposta a isso! Vamos???

Esta noite de 4 de Setembro a cidade de Castelo Branco, viveu, momentos de alguma violência, junto a uma discoteca, quando um indivíduo cerca das quatro da manhã, conforme refere comunicado da PSP, começou aos tiros, provocando o pânico, no Bairro do Barrocal, perto da Estação de Caminhos de Ferro, em frente ao qual se localiza o referido estabelecimento.

Após diversas denuncias, a PSP mobilizou para o local uma patrulha que ao chegar ainda ouviu dois disparos, apercebendo-se logo depois de um veículo em fuga, conforme refere comunicado daquela força policial.

O comunicado acrescenta que após terem obtido informações de que os dois disparos "tinham sido executados" pelo ocupante da viatura em fuga, iniciou-se uma perseguição com um carro patrulha devidamente caracterizado.

"O condutor da viatura suspeita nunca acatou as ordens para imobilizar a mesma, emitidas pelos polícias que seguiam no carro patrulha, continuando a fugir em alta velocidade, colocando em perigo os cidadãos" que eventualmente andassem por essas artérias. O individuo "só parou a viatura que conduzia junto ao Bairro da Hord´ Alva, onde, ao que tudo indica residia, chegando a embater numa viatura ali estacionada".

O Comunicado refere ainda, que o individuo saiu do veículo  empunhando uma arma de fogo longa, não acatando as ordens repetidas dos polícias para largar a arma e apontando-a na direção dos polícias, ao mesmo tempo que ameaçava matá-los".

Entretanto, a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) já "abriu um inquérito para apuramento dos factos relacionados com esta ocorrência, adianta uma nota enviada à agência Lusa. A arma usada foi apreendida, bem como três invólucros do calibre da mesma e o alegado agressor encontra-se detido e sob custódia policial no Hospital Amato Lusitano de Castelo Branco, sob cuidados médicos e em situação estável. Esta manhã foi notória a presença policial na artéria onde ocorreu o incidente e o trânsito chegou a ser desviado, para o Bairro do Barrocal, enquanto alguns agentes  observavam o local.

Penso muitas vezes que os valores de Abril estão a cada dia que passa a ser colocados em causa. 28 anos, depois. Eu própria, me vejo muitas vezes a controlar as minhas palavras, a evitar o confronto mas, sobretudo, a evitar denuncias, com a certeza de que se as fizer terei represálias… vingança. Bem sei que o medo  é a melhor e mais fiel arma da ditadura…há quanto tempo não ouvia esta palavra. Se calhar é por aí! Já poucos falam, já muitos esquecem… e o que é certo é que a sociedade está a conduzir os que detêm o poder a querer impor-se, a impor-se, mesmo e cada vez mais, a querer controlar… e estão a conseguir!!!

 Falo por mim, que poderia denunciar uma situação que me incomoda e que extravasa, inclusiva a lei e não o faço de forma incisiva. Há sempre formas de fazer chegar uma queixa. HÁ! Mas mais uma vez o medo impera! E se alguém descobre… será pior a emenda que o soneto.

E pronto, por aqui me fico… com receio (para não dizer, outra vez medo!!!) de que de facto, as minhas palavras de revolta, possam denunciar a minha questão.

25 de Abril já não é sempre!!!