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Escrever e escrever, pensar, refletir... afinal não é para isso que existem os blogs? Por aqui vão passar ideias, palavras, pensamentos... tudo o que nos der na real gana... ou não seremos "Levada da Breca".

A vida vai acontecendo lá fora e nós cá dentro! Esta cena de estarmos fechados dá que pensar. Eu até já passava algum tempo em casa. Mas ser obrigatório, custa mais. Ainda por cima em alturas de lembrar Abril. Um Abril confinado foi muito estranho.
E assim de repente lembrei-me daquele chico esperto… na altura chamei-lhe intelectual de café, que veio à minha página, acusar-me de ser alarmista. Não, não esqueci! Porque me enervou a prepotência da criatura, que chegou a chamar-me ignorante e mal informada ele é que é malformado, que é bem pior que ser mal informada, e como acredito que continua a vasculhar os meus desabafos, embora de forma escondida, melhor de forma cobarde, vamos ver se me apanha aqui. Será bem vindo! A necessidade de deixar os blogues foi para fazer um refresh, uma vez que já estava cansada do formato, mas vou recuperar alguns textos que tinha, se for possível todos, procurando aproximar a data da escrita!
Aqueles que não acreditaram na seriedade desta situação e que gozaram com ela, são também aqueles que, com toda a certeza andam lá fora, na rua! Bem basta aqueles que têm mesmo que o fazer, para que nós, os que estamos em casa, possamos continuar a vida de forma menos má. Por isso, continua a impor-se que fiquemos em casa. As medidas vão começar a ser aligeiradas, mas é bom que não falicitemos e continuemos a cumprir as regras. Para que tudo não volte atrás!
Esta é a pergunta retórica que fez história! Lembro-me do dia 25 de Abrli de 1974 e de como as aulas acabaram, na Escola Preparatória de Valadares, freguesia de Vila Nova de Gaia. A professora de Religião e Moral informou a turma do que estava a acontecer um Golpe de Estado. Cabelo emproado, sempre, sem que um só fio saísse do sitio, tal a quantidade de laca que colocava. Um cabelo que impunha respeito e que nos distanciava, ainda mais, dela.

Estava nervosa e sorumbática. Pensando bem, e recordando a figura, era a verdadeira imagem do fascismo, quando fez a comunicação à sala. Nós todos, de bata azul claro vestida, a minha tinha o C bordado no bolso, sentimos a ansiedade e até o medo da professora. Já não me lembro do seu nome, mas lembro-me do que disse. “Acaba de acontecer um golpe de Estado e, por isso, hoje não haverá mais aulas. Vamos todos para casa!”.
Acho que ficámos contentes e para mim, miudita, pouco significado teve na altura. Acabei por sair da escola e fazer cerca de doze quilómetros, a pé, até casa, na Madalena.
O percurso que normalmente fazia de autocarro, ou comboio, foi feito a pé. Não havia transportes e lá fui eu, pelas estradas vazias e sem movimento, outro cenário pouco habitual e que estranhei. Estranho havia já sido o cenário junto à Estação de Valadares, onde não se via ninguém, Nada!
Continuei sem perceber, o que era isso do tal Golpe de ‘Estado’. Foram cerca de 12 quilómetros entre o pinhal e o alcatrão. Mais tarde, o meu pai explicou-me que os homens que de vez em quando iam lá a casa, durante a noite à sua procura iam deixar de o fazer. Tinha sido conquistada a liberdade. Eu e a minha mãe vivemos algum medo nas noites do antes 25 de Abril. O meu pai, na altura responsável pelos escritórios de uma empresa, estava destacado em Lisboa e vivia no Largo do Carmo, onde decorreu toda a ação. Nunca chegou a ser preso, mas pouco faltou, porque o seu nome constava dos cadernos da PIDE. Nada estranho porque já ele na altura era jornalista, foi correspondente da Capital, de fraca memória e participava ativamente na vida cultural da Madalena. Nunca mais esqueci o Clube Atlântico da Madalena, onde foi diretor e ainda hoje anda lá em casa um cinzeiro com o símbolo dessa agremiação.
Caminhando pela estrada, cruzei-me com inúmeros jipes carregados de soldados. Um deles embrenhou-se no Pinhal, parou lá mais à frente e os soldados saltaram, correndo todos na mesma direção pinhal adentro.
Era tudo estranho, mas eu estava indiferente. Afinal estava a viver uma grande aventura. Cheguei à Madalena e comecei a subir a rua ingreme. Já estava perto de casa, mas estranhamente, tudo continuava silencioso e nem aquela estrada que dava acesso à praia, sempre movimentada, apresentava o bulício habitual. Não pensava nisso. O cansaço tomava conta de mim e já só queria chegar a casa, na Rua do Barreiro. Subi, passei a ponte sobre a linha férrea e nada, nenhuma azafama lá ao fundo na Estação. Acho que apressei o passo. Depois da ponte, se a memória não me falha, voltei `s esquerda e continuei pelo bairro. Tudo continuava silencioso. Continuei a andar, passei à casada tia Minda, junto ao Rego da Água, assim se chamava aquele largo e subi, então a rua. Estava quase, só mais um esforço. As ruas continuavam desertas Subi, passei junto áquela casa bonita, com um grande jardim relvado e estava quase lá. A mãe recebeu-me de braços abertos e sossegou a preocupação. Já tinha ido ver de mim à escola. Foi de táxi, mas não deixaram que me falasse comigo, ou sequer me visse. Por isso esteve umas horas, preocupada, sem saber que eu Ovivia uma aventura da qual não me esqueceria, precisamente nesse dia e fruto das contingências.
Onde estava no 25 de Abril. Esta é a minha resposta, algures na estrada entre Valadares e Madalena!o que marcou ainda este dia, na minha lembrança, foi o facto de a televisão só transmitir musica clássica e, de vez enquanto vir um senhor ler uns comunicados.
A necessidade de criar um blog não é de agora. Já tem anos e até já existe um! “Princesa Cis”, de seu nome. Mas cansei-me do formato e decidi mudar. Por isso aqui estou! E vou tentar recuperar o material existente, para o passar para aqui. Sou jornalista, agora afastada por um infortúnio, mas a vontade de escrever mantém-se. O desafio, por parte do professor Bruno Matias, para escrever um livro foi aceite e está em andamento. Mas queria algo mais imediato, onde pudesse escrever o que me apetece. E assim surgiu há alguns anos o tal blog. Depois fiz uma pausa, quando fui confrontada com um AVC, do qual recuperei bem, felizmente. Ainda restam ligeiras sequelas físicas, num pé. O braço esquerdo está definitivamente arrumado. Mas, podia ter sido pior, muito pior… podia até nem estar a escrever estas linhas. Felizmente aguentei-me à bronca e a capacidade mental manteve-se intacta e esta será, também uma forma de continuar a alimentá-la.
Pronto… aqui estou eu tentando ser LEVADA DA BRECA! – uma expressão que resta da minha passagem, durante cinco anos, pela zona do Porto. Vivi na MADALENA freguesia de Gaia, onde voltaria, de novo, sem olhar para trás!!!
Mas, a vida nem sempre nos deixa onde gostaríamos de estar! Claro que gosto MUITO da minha cidade, mas o facto de ter passado ali a minha infância, marcou e apesar dos contactos não serem já nenhuns, com excepção da Leta e do Tó voltaria de bom grado! Estudei na Escola Primária da Madalena e fiz, ainda, os dois primeiros anos da preparatória, na Escola de Valadares, Vamos a isto!!

São 98 anos hoje completados. Muita idade já para perceber que hoje é um dia especial! A avó Piedade está de parabéns! O ano passado estava ainda em condições de perceber, hoje já não. Para além de avó é também madrinha e foi na casa dela que passei momentos bons de criança e adolescente. Estava lá muitas vezes e também fui muito feliz, na casa dela. Nos verões, quando vinha do Porto era para lá que ia. Da casa da avó Leopoldina, para a casa da avó Piedade, ou seja do Cansado, na Rua Padre Manuel Crespo, para a íngreme Rua d’Ega lá, ia eu amiúde, para o numero 71. De resto os meus dois primeiros anos – a primeira e a segunda classe, de Escola Primária foram feitos na Escola doCastelo, a única que me aceitou, com cinco anos acabados de fazer (faço anos a 11 de Setembro e, naquele tempo, a idade mínima de entrada na Escola Primária, assim se designava era de seis anos e na altura as aulas começavam, impreterivelmente a 2 de Outubro). Mas lá entrei. Se de inicio a avó Leopoldina me acompanhava, depressa comecei a ir sozinha, e na pausa para o almoço, era para casa da avó Piedade que me dirigia. Depois, ao final da tarde regressava ao Cansado. Foi assim ao longo dos dois primeiros anos escolares. Depois fui para a Madalena, freguesia de Vila Nova de Gaia, onde completei os dois anos seguintes, até entrar na Escola Preparatória de Valadares.
Era na casa da madrinha que passava o Verão. Ela não me recusava nenhum pedido e fazia-lhe companhia. Mesmo quando ia levar o almoço ao avó Zé, que trabalhava nos “Claras”, empresa de transportes, naquele tempo, e que tinha oficinas junto ao Bairro da Horta d ´Álva, onde diária e religiosamente, a madrinha ia levar o almoço. Eu também. Outros tempos… ia e regressava com ela para a Rua d´Éga.
Foi aí onde sempre morou, pelo menos da minha lembrança, pois a mãoe recorda que moraram antes, no Cansado.
Era a casa da Avó Piedade e foi ali, também onde desenvolvi grande cumplicidade com o meu tio José Manuel, para nós, e ainda hoje, o Manelito.
A minha presença era constante e isso gerava, até alguma ciumeira na prima e ainda hoje, me intitulam como neta preferida! Com muito orgulho!
A madrinha faz anos, embora a comemoração seja só nossa! Parabéns!
São 98 anos hoje completados. Muita idade já para perceber que hoje é um dia especial! A avó Piedade está de parabéns! O ano passado estava ainda em condições de perceber, hoje já não.
Para além de avó é também madrinha e foi na casa dela que também passei momentos bons de criança e adolescente. Estava lá muitas vezes e também fui muito feliz, na casa dela. Nos verões, quando vinha do Porto era para lá que ia. Da casa da avó Leopoldina, para a casa da avó Piedade, ou seja do Cansado, na Rua Padre Manuel Crespo, para a íngreme Rua d’Ega lá, ia eu amiúde, para o numero 71. De resto os meus dois primeiros anos – a primeira e a segunda classe, de Escola Primária foram feitos na Escola do Castelo, a única que me aceitou, com cinco anos acabados de fazer (faço anos a 11 de Setembro e, naquele tempo, a idade mínima de entrada na Escola Primária, assim se designava era de seis anos e na altura as aulas começavam, impreterivelmente a 2 de Outubro). Mas lá entrei. Se de inicio a avó Leopoldina me acompanhava, depressa comecei a ir sozinha, e na pausa para o almoço, era para casa da avó Piedade que me dirigia. Depois, ao final da tarde regressava ao Cansado. Foi assim ao longo dos dois primeiros anos escolares. Depois fui para a Madalena, freguesia de Vila Nova de Gaia, onde completei os dois anos seguintes, até entrar na Escola Preparatória de Valadares.
Era na casa da madrinha que passava o Verão. Elanão me recusava nenhum pedido e fazia-lhe companhia. Mesmo quando ia levar o almoço ao avó Zé, que trabalhava nos “Claras”, empresa de transportes, naquele tempo, e que tinha oficinas junto ao Bairro da Horta d ´Álva, onde diária e religiosamente, a madrinha ia levar o almoço. Eu também. Outros tempos… ia e regressava com ela para a Rua d´Éga.
Foi aí onde sempre morou, pelo menos da minha lembrança, pois a mão recorda que moraram antes, no Cansado.
Era a casa da Avó Piedade e foi ali, também onde desenvolvi grande cumplicidade com o meu tio José Manuel, para nós, e ainda hoje, o Manelito.
A minha presença era constante e isso gerava, até alguma ciumeira na prima e ainda hoje, me intitulam como neta preferida! Com muito orgulho!
A madrinha faz anos, embora a comemoração seja só nossa! Parabéns!
ESTE TEXTO FOI ESCRITO NO DIA DE ANIVERSARIO DA MADRINHA! DIAS DEPOIS FALECEU. A 28 DE MARÇO!
Os dias correm lentos, um após outro. Procuro algo para fazer e ocupar a mente. Dou por mim a pensar nas férias. Vá-se lá saber porquê…
Nestes dias em que a chuva ainda não chegou, mas a neve quis dar um ar da sua graça, lá mais para o norte. A ninguém lembrava que isto pudesse acontecer, as atenções estão concentradas noutras coisas, mas, pensando bem, estamos na Páscoa.
Nestes dias em que a manhã começa de noite e à tarde anoitece cedo… a hora mudou, mas as rotinas têm que se manter!
A vida continua, mas demora a passar e ainda bem… Não é isso que todos queremos? Talvez assim, o tempo corra mais devagar. IIusão pura, o que aquele bichinho havia de nos trazer?
Bem vistas as coisas, este é um sinal da natureza, a avisar-nos para vermos o que andamos a fazer. Hoje, um tempo com muito tempo, é bom… podemos pensar!
E eu penso e de repente vêm à memória as minhas férias de outros tempos que eram passadas na minha cidade, onde só voltava no Verão, em forma de imigrante.
Quando a maioria ia para a praia eu regressava à minha cidade. Praia tinha eu todo o ano. Ano cheio de saudades, esbatidas pelo olhar do mar, na areia, onde as ondas vinham também esbater-se.
A casa da minha avó também tinha saudades minhas e esperava, igualmente ansiosa, o meu regresso. Os campos ao redor também tinham saudades minhas e a primeira coisa que fazia, quando regressava para as férias de verão era voltar a saltar por eles.
Ali fui feliz! Naquele tempo, o horizonte estendia-se, os poços e as noras, estavam sempre lá e o perigo nem sequer era hipótese. Eles estavam lá, sempre à minha espera, minha e dos meus primos. E quando deambulávamos por lá e nos demorávamos, esquecidos entre as pedras e o mato… alguém da varanda chamava por nós. Não havia telrmóveis!
As brincadeiras eram desenvolvidas ali, no meio das pedras e do mato, das árvores e das hortas que não podíamos pisar. Aquela velhota com ar de bruxa, há sempre uma em todas as histórias, vagueava por ali, qual guardiã do tempo em que havia tempo, para brincadeiras, para asneiras e para o perigo que nunca víamos.
Era precisamente ali, entre os prédios que agora lá estão e que, sem eu perceber, foram subindo em altura e ocupar aquilo que chamávamos de Miradouro, ocuparam, igualmente, aquelas quintas. A casa da avó ainda lá está, mas já não é a casa da avó!
Era por aí, entre a casa da avó, o miradouro e as hortas e quintas, que desenvolvia as minhas brincadeiras. Eu e os meus primos, nas férias.
Para os dias menos bons, que também os havia, quando chovia. Lá estava a solução, no sótão da avó, nós chamávamos-lhe forro Ah!... se aquele forro falasse…
Era eu, a Tininha, a Tuxa e a Tété… que ali fomos crescendo… e aprendendo…primas muito unidas, mas depois a vida foi-nos afastando.
De tudo isto e mais alguma coisa, sobra de uma infância feliz! Muito Feliz!!!
Por ali, entre as hortas que o homem deixou de cultivar, o miradouro também desapareceu e, de repente, subiram prédios em altura, sem que para isso houvesse necessidade. Afinal a minha cidade é plana, não precisava de prédios altos!
No meio de tudo isto, sobrou aquela pedra!
Uma pedra que tantas vezes serviu de escorrega e que um dia me valeu um grande ralhete, seguido de um castigo, porque as calças, acabadinhas de estrear, novinhas, que a mãe acabara de fazer, chegaram rotas a casa. Sim, rotas! A culpa foi da pedra que resistiu ao tempo e à evolução e que ainda hoje lá está, para me lembrar a minha infância feliz e o castigo que me valeu. Mas, o que é certo, é que o prazer de ter escorregado pela pedra, esse ainda hoje resiste!
E as calças, puf, a mãe fazia outras. Sim, desde pequena que eu passeava os modelitos mais sofisticados da moda.
A mãe conta que passava pela única loja de roupa de criança que havia na cidade, parava junto à montra e fixava os modelos. Chegava a casa e fazia. Assim que saia à rua com o novo fato, saia, vestido, calças ou camisa, o sucesso era garantido.
Tanto que a vizinha do prédio cor de rosa logo se apressava a fazer igual para a filha. Invejosa!...
Mas, não havia problema. A mãe depressa se lançava a modificar tudo, para que eu continuasse a vestir modelos exclusivos!
É pois ela a culpada de eu ainda hoje ainda continuar a gostar de exclusivos.Só que hoje a mãe já não faz os exclusivos e tenho que me sujeitar ao que existe nas lojas!
Mas as memórias que aquela pedra ma traz valem mais que tudo isso!
Os dias correm lentos, um após outro. Procuro algo para fazer e ocupar a mente. Dou por mim a pensar nas férias. Vá-se lá saber porquê…
Nestes dias em que a chuva ainda não chegou, mas a neve quis dar um ar da sua graça, lá mais para o norte. A ninguém lembrava que isto pudesse acontecer, as atenções estão concentradas noutras coisas, mas, pensando bem, estamos na Páscoa.
Nestes dias em que a manhã começa de noite e à tarde anoitece cedo… a hora mudou, mas as rotinas têm que se manter!
A vida continua, mas demora a passar e ainda bem… Não é isso que todos queremos? Talvez assim, o tempo corra mais devagar. IIusão pura, o que aquele bichinho havia de nos trazer?
Bem vistas as coisas, este é um sinal da natureza, a avisar-nos para vermos o que andamos a fazer. Hoje, um tempo com muito tempo, é bom… podemos pensar!
E eu penso e de repente vêm à memória as minhas férias de outros tempos que eram passadas na minha cidade, onde só voltava no Verão, em forma de imigrante.
Quando a maioria ia para a praia eu regressava à minha cidade. Praia tinha eu todo o ano. Ano cheio de saudades, esbatidas pelo olhar do mar, na areia, onde as ondas vinham também esbater-se.
A casa da minha avó também tinha saudades minhas e esperava, igualmente ansiosa, o meu regresso. Os campos ao redor também tinham saudades minhas e a primeira coisa que fazia, quando regressava para as férias de verão era voltar a saltar por eles.
Ali fui feliz! Naquele tempo, o horizonte estendia-se, os poços e as noras, estavam sempre lá e o perigo nem sequer era hipótese. Eles estavam lá, sempre à minha espera, minha e dos meus primos. E quando deambulávamos por lá e nos demorávamos, esquecidos entre as pedras e o mato… alguém da varanda chamava por nós. Não havia telrmóveis!
As brincadeiras eram desenvolvidas ali, no meio das pedras e do mato, das árvores e das hortas que não podíamos pisar. Aquela velhota com ar de bruxa, há sempre uma em todas as histórias, vagueava por ali, qual guardiã do tempo em que havia tempo, para brincadeiras, para asneiras e para o perigo que nunca víamos.
Era precisamente ali, entre os prédios que agora lá estão e que, sem eu perceber, foram subindo em altura e ocupar aquilo que chamávamos de Miradouro, ocuparam, igualmente, aquelas quintas. A casa da avó ainda lá está, mas já não é a casa da avó!
Era por aí, entre a casa da avó, o miradouro e as hortas e quintas, que desenvolvia as minhas brincadeiras. Eu e os meus primos, nas férias.
Para os dias menos bons, que também os havia, quando chovia. Lá estava a solução, no sótão da avó, nós chamávamos-lhe forro Ah!... se aquele forro falasse…
Era eu, a Tininha, a Tuxa e a Tété… que ali fomos crescendo… e aprendendo…primas muito unidas, mas depois a vida foi-nos afastando.
De tudo isto e mais alguma coisa, sobra de uma infância feliz! Muito Feliz!!!
Por ali, entre as hortas que o homem deixou de cultivar, o miradouro também desapareceu e, de repente, subiram prédios em altura, sem que para isso houvesse necessidade. Afinal a minha cidade é plana, não precisava de prédios altos!
No meio de tudo isto, sobrou aquela pedra!
Uma pedra que tantas vezes serviu de escorrega e que um dia me valeu um grande ralhete, seguido de um castigo, porque as calças, acabadinhas de estrear, novinhas, que a mãe acabara de fazer, chegaram rotas a casa. Sim, rotas! A culpa foi da pedra que resistiu ao tempo e à evolução e que ainda hoje lá está, para me lembrar a minha infância feliz e o castigo que me valeu. Mas, o que é certo, é que o prazer de ter escorregado pela pedra, esse ainda hoje resiste!
E as calças, puf, a mãe fazia outras. Sim, desde pequena que eu passeava os modelitos mais sofisticados da moda.
A mãe conta que passava pela única loja de roupa de criança que havia na cidade, parava junto à montra e fixava os modelos. Chegava a casa e fazia. Assim que saia à rua com o novo fato, saia, vestido, calças ou camisa, o sucesso era garantido.
Tanto que a vizinha do prédio cor de rosa logo se apressava a fazer igual para a filha. Invejosa!...
Mas, não havia problema. A mãe depressa se lançava a modificar tudo, para que eu continuasse a vestir modelos exclusivos!
É pois ela a culpada de eu ainda hoje ainda continuar a gostar de exclusivos.
Só que hoje a mãe já não faz os exclusivos e tenho que me sujeitar ao que existe nas lojas!
Mas as memórias que aquela pedra ma traz valem mais que tudo isso!