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Escrever e escrever, pensar, refletir... afinal não é para isso que existem os blogs? Por aqui vão passar ideias, palavras, pensamentos... tudo o que nos der na real gana... ou não seremos "Levada da Breca".

Sim, sou uma chrona… não me envergonho de o dizer! E estou muito melhor agora, porque a minha profissão me obrigou a ser uma pessoa mais fria. Ensinaram-me que não devia mostrar os meus sentimentos. E se sempre procurei distanciar-me dos problemas para os poder escrever sem misturar esses ditos sentimentos, a verdade é que alturas houve em que as lágrimas correram.
Quando assistia à Marcha Contra o Cancro, depois de me movimentar, tirar fotos, falar com alguns participantes e fazer o meu trabalho, alguém chegou ao pé de mim e não aguentei mais… desatei num choro compulsivo…porquê, porque não me consegui conter mais. Tocou-me o gesto das pessoas caminharem por uma causa, mesmo que de forma simbólica.
Chorei quando vi pessoas que passavam fome e aguardavam ansiosas pela chegada dos sacos com bens do Banco Alimentar.
Chorei quando vi pessoas a olhar incrédulas para a sua casa que ardia e ninguém conseguia conter as chamas.
Chorei quando entrevistava uma mãe que lamentava a perda do seu bébé num incêndio em casa.
Sim, chorei! Sou jornalista, mas sou uma pessoa e sensível. Porra! Não posso chorar porque sou jornalista! Sim, POSSO! Muitos recriminavam. Eu muitas vezes também me recriminei por ter que fazer diversos trabalhos em circunstâncias extremas! Procurei sempre manter uma postura correta e sensível, perante os acontecimentos. Mas pronto foi assim… e chorei!
Chorei em trabalho, como chorei, com as devidas distâncias de situação, a ver o Titanic ou o Top Gun! E não me arrependo. Primeiro porque não consegui controlar as minhas emoções e depois porque também não queria controlá-los! E nunca, mas nunca, as minhas lágrimas turvaram a minha escrita. É como aqueles que dizem que um jornalista não deve, agora já não pode, perante a Lei… ser filiado num partido político! Eu cheguei a sê-lo, mas acabei por sair, mais tarde e não foi por isso que deixei de ser isenta na minha escrita! Nunca ninguém teve nada para me apontar!
Mas, voltando ao início, sim, sou uma chorona, porque sou uma pessoa, sou sensível e sei colocar-me no lugar dos outros e sentir as suas dores! Não me envergonho disso, e como certa vez disse a uma colega que perante um incêndio que estava a chegar junto a ela e dos colegas, chorou quando fazia um direto para a sua estação de rádio. A situação era bastante grave, não tinha que se envergonhar por isso, uma vez que ela própria para dar conta dos acontecimentos, colocou a sua vida em risco. Uma situação desnecessária, mas que aconteceu e não tem ela nem ninguém que se envergonhar por dar o seu melhor. Agora tenho a certeza de que não devemos reprimir os nossos sentimentos, seja em que circunstância for. E eu nunca me arrependi, porque sempre procurei, e procuro, ser verdadeira!
E choro, mesmo que seja em trabalho!!